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ARQUITETURA
Como a vejo?
Para mim, Arquitetura é a ciência que procura criar espaços racionais sustentados por estruturas lógicas, transparentes e bem definidas.
Sendo assim, arquitetura e estrutura não deveriam jamais ser pensadas por cabeças diferentes; o arquiteto, ao criar seus espaços, tem que estar simultaneamente imaginando como será sua sustentação.
O arquiteto não é obrigado a dimensionar essa estrutura, encargo geralmente confiado ao calculista, porém, a escolha do tipo, a locação dos pilares e um pré-dimensionamento cabem ao arquiteto que, para tal, deve ter uma boa noção sobre o assunto.
Uma vez definidos os espaços e o sistema estrutural responsáveis pela parte artística da volumetria, segue-se outra etapa, também artística, a que cuida da escolha dos materiais que farão o revestimento da obra. Aqui o campo apresenta uma variedade enorme de opções e é preciso que haja muito bom senso por parte do profissional, para que não venha a cometer excessos. Muitos tipos de materiais e muitas cores podem gerar uma poluição visual capaz de prejudicar todo o conjunto.
A obra possui dois tipos de decoração, a fixa e a móvel ou descartável. A primeira é a que trata da escolha dos materiais de acabamento que comporão o projeto arquitetônico. Estes deverão atuar enquanto a obra existir, sem causar cansaço a seu dono ou demais pessoas, daí a imperiosa necessidade de não serem agressivos; aqui, sobriedade deveria ser a palavra de ordem. Já a decoração móvel, também chamada de ambientação, envolve a participação de outro artista, o decorador, que escolherá o mobiliário, os tapetes, quadros e demais ornamentos que enfeitarão as paredes, compondo os ambientes dos espaços, trabalho que alguns arquitetos também gostam de fazer.
Nesta nova etapa a liberdade do profissional é maior, de menor responsabilidade, pois se determinado elemento não ficar bom troca-se por outro, sem maiores prejuízos. O ideal, na minha opinião, é que estes dois tipos de decoração sejam independentes. O arquiteto deve facilitar o trabalho do decorador, cabendo a este respeitar o que aquele planejou, ou seja, a decoração fixa da obra deve ser intocável, pois ela faz parte integrante do conjunto imaginado por seu autor que conta para sua defesa com a Lei do Direito Autoral. O arquiteto pode facilitar o trabalho do decorador deixando livre seu campo de atuação mandando pintar de branco todas as paredes e tetos, dando assim liberdade ao novo profissional para introduzir as cores que desejar através das cortinas, estofados, mobiliário, tapetes e demais ornamentos. A pintura branca, por ser neutra, não interferirá no trabalho do decorador e caso este deseje colorir algumas delas, o branco já servirá de base.
Como vemos, em todas as fases da nossa construção falamos em arte. Por isso podemos afirmar que: arquitetura é a concretização de uma manifestação artística que tem início na imaginação do arquiteto, possibilidade na capacidade do calculista, podendo tornar-se realidade pelas mãos caprichosas de seus executores para, finalmente, ser decorada pelo último artista.
Se todos trabalharem com amor, dedicação e entusiasmo, o resultado será uma obra de arte, cujo nome é ARQUITETURA.
Antonio Luiz Dutra de Araujo
Arquiteto
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